segunda-feira, 17 de março de 2008

As variações nas competições de Kata




Falar de regras para avaliação de katas nas provas federativas é polêmico. Dizem as regras que nos katas tokui, por exemplo, são permitidas pequenas variações. Isto sugere uma questão semântica, ou seja, o que cada um entende por "variação". Uma variação pode ser uma marcação mais pronunciada num ponto de paragem, um revirar de mão, um deslizar de pé mais lento, enfim, algo que não implique um acrescento de movimentos ao kata que não estejam na sua essência.


Claro, que o contexto de uma prova federativa é muito sui generis, pois em uma situação em que um praticante de karate shotokan tem que avaliar a execução de katas de Goju, Shito, e Wado ryu. Um árbitro praticante de karate shotokan não precisa conhecer os 48 katas de Shito ryu (será que que o pessoal de shito as sabe todas?). Talvez deva-se avaliar a qualidade de execução do atleta, a força, velocidade, timming, postura, deslocamentos, etc. Isso não quer dizer que um árbitro não possa ser ludibriado por um atleta que altere gravemente a kata do seu estilo.

Em uma prova de kata, de juvenis masculinos, um atleta executou um bassai dai, muito bem no diz respeito a bom kime, respiração adequada, boas posições, velocidade de execução, enfim, uma execução de encher o olho, não fosse o fato de ter, pura e simplesmente, subtraído uma técnica ao kata! O atleta não vacilou, não demonstrou qualquer hesitação (o que demonstra a qualidade do executante, apesar de se tratar de um adolescente de 15 anos) e quando da decisão, o juíz de shotokan do painel fez sinal de que o kata fora mal executado. Perante esta sinalética, foi dada a vitória ao outro atleta. Tudo normal, dirão. Claro! Só que a história não acaba aqui.

O Arbitrador - que é um árbitro de estatuto superior e que tem como papel avisar o painel de infrações às regras - chamou o painel e disse-lhes que não podiam tomar em linha de conta o parecer do juíz de shotokan, pois tratava-se de uma kata tokui (logo, passível de variações) e por tal fato, cada um teria de avaliar não ao conteúdo, mas a forma. Resultado: foi feita nova votação/decisão, o dito atleta ganhou e chegou à final, sagrando-se vice-campeão regional!

A questão foi analisada posteriormente com pessoas ligadas à arbitragem, de qualidade e competência técnica insuspeita e a opinião generalizada é de que uma situação desta deve ser penalizada. No entanto, se são admitidas "pequenas variações", como saber o que é uma variação, uma omissão ou um erro.

Se avaliamos 2 atletas que competem entre si, cada um fazendo as variações que entenda, o que vamos avaliar? O que executa o kata na sua forma correta ou aquele que faz as melhores variações?
Merece a nossa reflexão, não acham?

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