O ditado “A união faz a força” representa perfeitamente a história da família Fiúza. Apaixonados por um esporte secular, que mistura arte com filosofia de vida, o karatê, o pai, Dilson, o filho, Leonardo, e a filha, Laura, treinam juntos para alcançar vitórias como a conquistada no último domingo (19), quando foram campeões, em suas categorias, no Circuito Iniciante de Karatê, realizado na Vila Olímpica de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.
Superando as dificuldades financeiras e comprovando a tese de que o gosto e a aptidão pelo esporte podem ser transmitidos por herança genética, os três treinam na academia Samara Jardim visando um objetivo maior, chegar ao Campeonato Brasileiro de Karatê que acontecerá em julho, em Sergipe.
A história entra a família Fiúza e o karatê começou quando Dilson tinha 14 anos. Natural de Niterói, o patriarca iniciou seus treinamentos na arte milenar incentivado pelos filmes americanos que tinham como protagonistas atores como Bruce Lee e Jean-Claude Van Damme.
Ele relembrou que, na época, o esporte não era muito difundido no país, sendo praticado apenas por pessoas com alto poder aquisitivo. “Eu era treinado por um amigo mais velho que vazia parte de uma equipe. Na época somente quem era rico podia pagar as mensalidades das academias. A gente passou a gostar do karatê porque via os atores do filme lutando”, contou Dilson.Com o passar dos anos, o karatê acabou sendo substituído pela prática de esportes mais conhecidos no país, como o vôlei e o basquete. No entanto, Dilson afirmou que o gosto pela luta marcial ainda não havia sido esquecido.
“Depois que eu comecei a trabalhar, parei de treinar o karatê. Passei a participar de times de basquete e vôlei com os amigos do trabalho. Disputamos torneios internos, mas, nunca deixei de gostar do karatê”, disse o patriarca.
O retorno ao esporte aconteceu quando Leonardo, então com 9 anos, pediu ao pai para praticar algum esporte que envolvesse lutas marciais. “O Leonardo começou a treinar basquete, mas, devido a alguns problemas, ele deixou o esporte e me pediu para treinar alguma luta marcial. Durante a minha pesquisa, descobri esse projeto da Samara, que envolvia capoeira e karatê. Lembrei da história da minha juventude, e incentivei meu filho a optar pelo karatê”, afirmou Dilson.
Mesmo com o fim do projeto, Leonardo continuou a integrar a equipe de Samara, passando a praticar o esporte na academia da empresária, situada no Visconde. Durante o acompanhamento dos treinamentos do filho, Dilson foi convidado a voltar a lutar. “Um dia, ainda no projeto, a Samara fui conferir de perto o desempenho dos alunos. Ela ficou encantada com a técnica do Leonardo e me disse que ele tinha futuro no esporte. Eu acabei entrando na equipe para poder ajudar”, contou Dilson.
Seguindo os passos do pai e do irmão, Laura acabou despertando a vontade de fazer parte da equipe formada por meninos e meninas de várias idades. “A entrada de Laura na equipe também foi uma surpresa”. Leonardo e Laura já carregam em suas bagagens como atletas títulos importantes no esporte, como o segundo lugar no Campeonato Estadual de Karatê, ocorrido no ano passado.
A última vitória foi registrada no domingo passado, quando os dois, assim como o pai, foram os grandes campeões do Circuito realizado em Nova Iguaçu. No entanto, mesmo com a força de vontade e o incentivo das vitórias, alguns problemas podem acabar prejudicando o rendimento da família de karatecas. “Para praticar o karatê, os atletas não precisam apenas pagar a academia”. Existem alguns equipamentos de proteção que são utilizados tanto nos treinamentos, quanto nas competições. Além disso, as lutas acontecem em cidades distantes.
“Por isso que precisamos de incentivos do poder público e da iniciativa privada para que possamos continuar no esporte”, afirmou Dilson. Funcionário público, o patriarca é quem arca com a maioria das despesas para que ele e os dois filhos possam participar de competições importantes, a nível estadual e até nacional. “Recebemos uma ajuda muito grande da Samara, mas, não podemos contar sempre com isso. Estamos pensando em desenvolver um projeto para oferecer as empresas de Macaé para que apóiem os atletas da academia”, afirmou o patriarca.
Deixando de lado os problemas financeiros, Laura contou com empolgação o que a incentiva a continuar em um esporte considerado como “masculino”. “O que eu mais gosto no karatê é poder fazer parte de uma equipe cheia de crianças como eu, além de conhecer outros atletas nas viagens. Além disso, as apresentações e as lutas são muito bonitas. Por isso que quero continuar a treinar”, disse a pequena atleta.
Já Leonardo, apontado com a grande promessa do karatê macaense, afirmou que as competições é o que mais o atrai no karatê. “Eu não fico nervoso. Treino bastante para mostrar o meu melhor. Sei que o karatê não é apenas uma luta, mas também uma arte. Quero seguir lutando para competir em grandes eventos, como o Campeonato Brasileiro”, afirmou o menino.
Como exemplo para os pais que desejam matricular seus filhos em equipes de artes marciais, Dilson destacou que o karatê não é uma simples luta, mas, principalmente uma filosofia de vida. “Quando meus filhos começaram a treinar, eu os ensinei que praticar karatê não é sair brigando por ai com as pessoas”.
Por trás dos movimentos de soco e chute existe uma filosofia que visa p equilíbrio do atleta. Depois que eles começaram a praticar o esporte, passaram a ser crianças mais disciplinadas e centradas. Mesmo diante de todas as dificuldades, prometi para mim mesmo, que vou me redobrar para que eles possam participar de todas as competições, um incentivo para que não percam o gosto pelo esporte”, garantiu Dilson.









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