terça-feira, 10 de junho de 2008

O Mestre Forjador

Ishida Sensei em sua forja em Mariporã, São Paulo.

A origem de um Katana Kaji, .

Tomizo Ishida Sensei pode ser considerado o mais criativo e inovador dos artesãos japoneses que produziram katana no Brasil. Nasceu em Gumma, próximo a Tóquio, em 24 de novembro de 1924, tendo chegado ao Brasil com seus pais em 1933, para trabalhar em uma fazenda de Mirandópolis, São Paulo.

Desde sua infância, Tomizo Ishida Sensei teve fascinação por espadas japonesas, embora não descendesse de uma família de "espadeiros".

Em 1949, aos 25 anos, Tomizo Ishida Sensei resolveu vir para a cidade de Mairiporã (a 50 km da capital paulista). Poucos anos depois tornou-se relojoeiro e ourives, abrindo seu próprio negócio.

Apenas em 1962 que Ishida Sensei decidiu se iniciar na produção de espadas japonesas. Foi de forma amadora que começou a produzir exemplares de katana, wakisashi e tatchi, baseando-se apenas em livros que parentes do Japão lhe enviavam. Posteriormente, teve contato prático com Oda Sensei e Oura Sensei, renomados artífices de espadas japonesas no Brasil.

Ao longo dos anos, Ishida Sensei se tornaria conhecido não só por forjar boas katana, mas também por produzir furnituras tais como tsuba, fuchi, kashira, menuki e saia, itens que naquele momento eram considerados os mais aprimorados dentre os oferecidos pelos mestres espadeiros japoneses radicados no Brasil.

Tomizo Ishida Sensei foi, desde o início de sua atividade de katanakaji (forjador de katana), inovador em suas criações, tendo desenvolvido um método próprio de trabalho, interpretando as clássicas espadas japonesas e adaptando-as ao seu estilo e experiência pessoal como praticante de Iai Do (estilo de esgrima japonesa, bastante diferente do Kendo conforme o conhecemos hoje, que se caracteriza pelo saque preciso, rápido e fulminante). Assim, a maioria das criações de Ishida Sensei fugiu de algumas regras convencionais e ortodoxas que essas clássicas espadas têm. Entre as mudanças destacam-se:

  • O orifício da passagem do pino (mekugi-ana) que trava a lâmina é sempre colocado um pouco mais para trás do que o habitual. Dentro da geometria de suas katana, Ishida
    Sensei entendia que isto as travava melhor e de forma mais "sólida".
  • A espessura da lâmina é levemente menor e a largura pouco maior do que os padrões tradicionais, tendo em vista o entendimento de que os aços modernos são naturalmente de melhor qualidade, e que tudo isso proporcionaria um equilíbrio mais adequado ao sabre.
  • A linha de têmpera é mais alta do que a convencional. Alguns katanakaji modernos do Japão também adotaram essa técnica a partir de 1960, quando lá reiniciou-se oficialmente a produção de espadas; com isso, eventuais pequenos "dentes" da lâmina poderão ser retirados no re-polimento sem diminuição consistente da área temperada.
  • Em algumas criações especiais ou para uso pessoal, o primeiro seppa (espaçador), aquele na junção entre a empunhadura e a tsuba, é em couro laqueado. Segundo Ishida Sensei, o objetivo é amortecer mais as vibrações ocasionadas por golpes, que, de outra forma, seriam forçosamente passadas às mãos do espadachim.

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