sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Modelo deixa as drogas e abraça o esporte


Adriana Salles, tataraneta do Presidente Campos Salles

Fonte: UOL

Ex-modelo, loira, de olhos claros. Treinar uma mulher assim no boxe? Ninguém queria aceitar esse desafio. Além da beleza, o simples fato de ser uma mulher já era um obstáculo, ampliado pelos 26 anos, idade já tarde para iniciar uma carreira no esporte. Mas, com teimosia, ela acreditava que era possível chegar ao topo. É a própria Adriana Salles quem compara sua carreira no boxe com a sinopse de um filme vencedor do Oscar.





"É a história da 'Menina de Ouro'. Ninguém queria me treinar", repete a pugilista, em referência à película dirigida por Clint Eastwood e premiada como melhor filme de 2004. Doze anos depois, a brasileira de São Paulo tem, talvez, sua última chance de atingir o objetivo. Aos 38 anos, enfrenta a atual campeã mundial Ina Menzer, neste sábado, na cidade alemã de Rostock. O duelo vale os cinturões femininos de duas entidades conceituadas: Federação Internacional (FIB) e Conselho Mundial de Boxe (CMB), ambos detidos pela dona da casa, na categoria pena.





Depois de uma derrota em 2007, também valendo título mundial, ela sabe que uma derrota pode encerrar sua carreira.No entanto, mais do que títulos, uma vitória coroaria a virada em uma vida repleta de obstáculos. "O boxe é tudo para mim", conta ela, influenciada por amigos e pelas lutas de Mike Tyson na TV. "Eu usei drogas durante muito tempo da minha vida, até os 26 anos. Foi aí que eu entrei para o boxe. Eu estava totalmente perdida, mas coloquei como objetivo parar e ser campeã. Quando a pessoa tem um objetivo ela consegue e é isso o que aprendi no esporte. Vou trazer este título", garante.




A disciplina aprendida, tanto na alimentação, quanto em treinos e horários, bateu de frente com o seu vício e com a vida de modelo, iniciada aos 12 anos. "Foi muito fácil para mim, sempre fiz meus trabalhos, viajei e ganhei dinheiro. Mas o pessoal da agência não me queria mais. Imagina chegar lá com o olho roxo dos golpes.




"Foi custoso entrar no mundo machista do pugilismo. Sem técnicos que a aceitassem, resolveu se arriscar. Sem nunca ter entrado em um ringue, viajou para o Panamá com um amigo e fez uma semana de treinos com o conceituado Roberto Duran, mais conhecido como "Manos de Piedra" (Mãos de Pedra). Um dos maiores pugilistas da história, ele elogiou a direita da brasileira, insuficiente para que sua estréia fosse com vitória.Na volta ao Brasil, sua sorte começou a mudar. "Gostei de tudo.



De como me senti em cima do ringue e principalmente de não ter tempo de usar nada que me prejudicasse". Com respaldo do panamenho, achou Messias Gomes para treiná-la em São Paulo, conquistou seu primeiro triunfo - um nocaute no primeiro round -, e partiu rumo ao título, hoje com Edson Nascimento, o Xuxa, como técnico.





Claro que o caminho teve novos obstáculos. Até hoje, Adriana contesta alguns resultados pelos quais passou, principalmente lutando fora de casa, em que muitas vezes os árbitros acabam beneficiando lutadoras locais. A maior das desconfianças foi na primeira chance de título mundial, em 2007, contra Alejandra Marina Oliveras, na categoria supergalo.




"Ela estava totalmente acima do peso e tomou anabolizantes", acusa. "Nós não conseguimos ver seu peso durante a pesagem oficial, mas era visível a diferença entre nós. Até cai no nono assalto, sendo que nunca tinha sido nocauteada na minha vida. Mas fui até o final", completa. A brasileira disse que chegou a ser ameaçada ao pedir que fosse feito o exame antidoping na argentina, uma rotina obrigatória.Rival de pesoRecuperada e vindo de três vitórias e uma derrota (tem um total de 11 triunfos, três revezes e um empate), mais uma vez Adriana chega às escuras para um combate. A paulistana nunca assistiu a uma luta da alemã, mas diz que está acostumada a se adaptar em poucos momentos no combate.




Ina Menzer, nascida no Cazaquistão, é atualmente uma das melhores lutadores em atividade, com um cartel ainda invicto. Naturalizada alemã, ela lutou 21 vezes, vencendo todas e deixando na lona nove de suas adversárias. O primeiro título, o feminino da FIB, veio já em sua 11ª luta. Desde então, defendeu-o dez vezes. Em 2008, adicionou o cinturão do CMB à sua coleção, contra a canadense Sandy Tsagouris, e já o colocou em disputa uma vez, com mais um êxito.


Vídeo da entrevista com Adriana Salles

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