sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Aprendendo a usar a cabeça não como alvo

Noriyuki “Pat” Morita (28/06/1932-24/11/2005)


Por: Noronha


O sujeito que me ensinou que a melhor maneira de aprender a me defender e derrotar os mais cruéis inimigos era encerando o carro faleceu em novembro de 2005. Pat Morita, ou Noriyuki Morita, ganhou fama mundial interpretando o sensei Kesuke Miyagi nos quatro insuperáveis filmes da série Karate Kid. No primeiro e melhor deles, o diretor John G. Avildsen, decerto inspirado por seu comovente trabalho em Rocky, tenta encaixar o maior número possível de clichês nauseabundos em 126 minutos de filosófica pancadaria.

Em um filme que supostamente toma o partido das “minorias” –os asiáticos oprimidos como Miyagi, mestre de caratê relegado a uma vida umird como zelador, e os italianinhos losers como Ralph Macchio- contra os vilões arianos loirões de olhos azuis, abundam os estereótipos étnicos, da inescrutável calma e dignidade orientais de Miyagi à melodramática mamma de Macchio.


Arrogância contra a minoria

O melhor dos clichês étnicos do filme, aliás, é que embora Morita tivesse até ali em sua carreira recebido crédito de tela como Pat Morita, o produtor Jerry Weintraub decidiu que seria melhor que ele usasse no filme seu nome real, Noriyuki, para "ficar mais autêntico”. O fato de que Morita, Pat ou Noriyuki, não soubesse nada de karatê aparentemente não prejudicava a autenticidade.


O velho golpe do ganço com artrite

Todos os filmes da série Karate Kid tem lá seu charme. No primeiro, o dublê que toma o lugar de Miyagi-san para as cenas de caratê deve ser uns 57 anos mais novo e uns 30 centímetros mais alto do que ele (e a música-tema, “Glory of Love”, de Peter Cetera, ainda me dói nazurêia). Magnificent. No segundo, quando o Sr. Miyagi volta a Okinawa, descobrimos que os orientau pode sê féladaputa inguauquinêim os caucasianos (e também que o amor é, hélas, volúvel: Daniel-san troca a gostosinha pela qual estava apaixonado e causou todo o imbroglio no primeiro filme, Ali (Elizabeth Shue), por uma sobrinha do sensei).

No terceiro, que saiu em 1989, Ralph Macchio, com 27 anos, retoma o papel de Daniel-san como se o tempo tivesse parado em 1984, e ele e o Sr. Miyagi, que perdeu o emprego porque o condo-hotel em que trabalhava foi vendido, resolvem abrir juntos uma loja de bonsais (se tem uma atividade mais digna de um casal gay nesse mundo de são jizuis, eu juro que não conheço). Mas o melhor da série é mesmo The Next Karate Kid (1994), niquiq Hilary Swank se torna a karate girl.

É não só um momento de profunda estupidez cinematográfica como, pra mim, arruinou completamente qualquer possibilidade de assistir Million Dollar Baby a sério, porque não tem Clint Eastwood que ensine uma mulé a lutar miló do que ela já tinha aprendido com o Sr. Miyagi.

Pat “Miyagi” Morita me ensinou que fazer faxina é a melhor maneira de derrotar o mal; que nós, étnicos, também podemos vencer mesmo que disponhamos de apenas três de nossas quatro pernas (mas para isso precisamos aprender uma postura de ataque conhecida como “golpe do ganço com artrite”); e que Hilary Swank é mais macho que Ralph Macchio. Por essas lições inesquecíveis, I thank him. Vá com deus, Pat.

4 comentários:

Anônimo disse...

O dublê do 1° filme não era tão mais novo assim que Noryuki Morita. Trata-se do Mestre Fumio Demura, bastante renomado no meio.

No 2° filme é o próprio Morita quem faz as coreografias, mesmo sem ter sido karate-ka.

OSS!

Anônimo disse...

Longa vida ao Karatê Kid!

Todas as histórias de filmes são ótimas e me dão arrepio quando vejo por mais que eu reprise, o fato de o Daniel ter trocado de namorada não é nada quantas pessoas não tiveram mais um(a) namorado(a) antes de casar? isso só mostra que o filme não procura ver apenas o lado da fixão, mas tambem um pouco da realidade, e pelos palavrões que vc escreveu, não acredito que vc seja karateca, e se diz que pratica karatê, não pode dizer que é karateca, pq todo karateca que se preze gosta deste filme e não diz palavrões ao falar de assuntos relacionados ao karatê.

RESPEITO ASSIMA DE TUDO

ERISVALDO CARVALHO

OSS..

Oswaldo Bezerra disse...

Caro leitor Erisvaldo carvalho,

Realmente, o autor deste texto foi o Noronha e ele não é karateca, veja a fonte do texto abaixo da foto do Morita.

O karateca precisa analisar bem a situação, e esperar o momento oportuno para desferir o golpe. Neste quesito você parece não ser o melhor dos karatecas.

OSSS!

Oswaldo Bezerra disse...

E acima não se escreve com dois SS...

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