Praticar Karaté é experienciar um constante estado de observância interior e o Kihon obedece na íntegra a essa mesma premissa. Traduzido do japonês, a palavra Kihon significa “base”, apresentando-se assim como uma parte essencial do trabalho da maioria das Artes Marciais japoneses, não fugindo o Karaté a essa “regra”.
O Kihon é a principal base, o trampolim para se alcançar um bom nível técnico. Para concretizar resultados, e por forma a que o desenvolvimento técnico e a atitude do praticante em relação a esta componente do treino sejam progressivas, há que treinar com o máximo de concentração, força e dedicação. O Kihon, quando executado de forma correcta, é sem dúvida um fundação sólida para toda a aprendizagem futura. É um processo de desenvolvimento global, no qual toda a energia do indíviduo se encontra ao serviço da técnica, por mais simples que esta se apresente: mãos, pés, pernas, braços, ancas, cabeça, respiração, centro de gravidade, contracção muscular, velocidade,… todos estes elementos devem estar conjugados e em plena coordenação.
Por si só, a força muscular não permitirá que o sujeito triunfe no Karate. O poder do Kime resulta da concentração de força máxima no momento do impacto, a somar a uma postura própria, associada a uma série de elementos psicológicos e físicos que assentam principalmente no movimento. A repetição e o aperfeiçoamento ensinam-nos que a velocidade é mais importante que a massa. A velocidade da massa em movimento aumenta, proporcionalmente, à força desenvolvida no momento do impacto, razão pela qual nos ensinam a bater com velocidade máxima. Daí a importância de visualizar e apontar na direcção dos pontos vitais do adversário. Daí ser relevante diferenciar bem os níveis gedan, shudan e jodan.
Mesmo ao executar técnicas “no vazio”, trabalham-se todos os grupos musculares e partes do corpo. Mesmo sem ter um alvo definido onde finalizar a técnica, aprendemos a executar as técnicas com todas as partes do nosso corpo, rejeitando que a onda de choque provocada pelo impacto torne a nós, forçando-a a penetrar e voltar ao adversário.
Um karateca que tenha boas bases será por definição um bom executante de Kata, da mesma forma que se encontra capacitado para se revelar um bom praticante de kumite ou terá maior facilidade em trabalhar os bunkais, isto porque possui ingredientes ricos, para se desenvolver em qualquer área. Obviamente que a importância dada ao trabalho de Kihon varia consoante os estilos, as linhas, as escolas, os mestres…
A real dificuldade para o praticante é o seu orgulho e a ânsia natural de vencer. O seu treino demonstra-nos que o nosso verdadeiro inimigo reside dentro de nós, e não nos outros. Aqueles que escondem nas deficiências do seu carácter e técnica, a sua pouca determinação, vontade e espírito de entrega e sacrificio, acabam por ser derrotados sem se aperceberem o que os atingiu.
Da mesma forma que um um jogador de futebol treina chutes livres, escanteios ou penalties. O Kihon, tal como esta Arte Marcial, não é o principio nem final de nada, é meramente um meio para “melhorar”.
Fonte: EKARATE
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