O Mokuso consiste no estudo do vazio. Por isso entenda-se o processo de retorno ao estado mental de uma criança recém-nascida, à génese da parte espiritual do ser, onde não existe a percepção de sensações pré-concebidas, como o medo, o perigo e a dor, e como tal não são desencadeadas reacções como o receio, a precaução, a inibição ou a hesitação. Assim, quando atacado, o corpo reage com uma naturalidade instantânea e automática, em instinto reflexo, obedecendo apenas à sensibilidade do seu espirito e ao instinto, nato a qualquer ser vivo, de defesa de si próprio e do seu espaço para garante da sua sobrevivência.
Se a mente não estiver vazia, o corpo está tenso, limitando a velocidade e a percepção sensitiva; o corpo deverá estar descontraído para servir de condutor energético, ou seja, para poder libertar de volta para o meio envolvente todo o Ki que ele absorveu."Da mesma forma que um espelho reflecte tudo o que se coloque em frente, e um vale tranquilo emite até os sons mais insignificantes, também o discípulo de karaté deverá esvaziar a sua mente de todo o pensamento egoísta. Só assim poderá reagir contra tudo o que possa encontrar pela frente."Prática:Sentado na posição Seiza, com os joelhos bem afastados, o dedo grande do pé direito sobre o dedo grande do pé esquerdo, e com a coluna cervical, dorsal e lombar alinhados longitudinalmente numa perpendicular ao chão; o queixo puxado para dentro e os olhos semicerrados, direccionados para um ponto no chão dois metros à frente.
A língua toca levemente no palato dos dentes, braços caídos, com os cotovelos encaixados nas ancas, os antebraços apoiados nas coxas e os pulsos apoiados nas virilhas; as mãos em forma de conchas, com os dedos unidos formando um globo hemisfério - os polegares, flectidos e unidos, representam o pólo norte; os restantes dedos, com os da mão esquerda sobrepostos aos da mão direita até as falangetas, representam o pólo sul (o epicentro deste globo deverá estar direccionado para o ponto nuclear do nosso centro de gravidade, localizado dois dedos abaixo do umbigo. Inicialmente, será difícil esvaziar a mente; para ultrapassar tal dificuldade pratica-se o Susoku-Kan - equilíbrio da mente - que consiste na contagem lenta, repetida e continua, acompanhada da respiração, de 1 a 10; não se concentra em absolutamente mais nada senão na respiração e na contagem.
A contagem tornar-se-á progressivamente mais lenta, e a respiração mais profunda, até se começar a sentir os batimentos cardíacos: primeiro o peitoral, depois o temporal e por fim o carotidiano. Paralelamente, o Hara começara a fluir, para a frente e para baixo, com cada vez maior intensidade: a terra exercerá uma atracção cada vez mais forte sobre o nosso corpo, o qual tornar-se-á gradualmente mais pesado sem que o praticante o sinta (se o sentir, é porque não está verdadeiramente abstraído). Após o tempo necessário até a mente estar controlada, o passo seguinte é esvaziá-la se pensar em como o fazer, a mente não estará vazia - nenhum esforço poderá estar envolvido.
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