terça-feira, 11 de março de 2008

A Alma do Karate-Do: Ato 1


Resumo do Sensei José Roberto de Oliveira Braga da obra Movimento inicial e Postura por Masatoshi Nakayama, em 9 Atos.

Nos primeiros dias do karatê-do, alguns anos depois de 1935, clubes universitários de karatê por todo o Japão realizaram lutas (campeonatos) interescolares. Eles foram chamados kokangeiko, ‘ troca de cortesias de prática’ e os participantes atacavam um ao outro livremente com todas as técnicas de karate à disposição deles.

Seu propósito original era promover a amizade entre os clubes. As lutas deviam consistir em exibições de kata, os padrões fixos de defesa e ataque, ou de prática em ataque e contra-ataque. O último (um ataque e um contra-ataque) era idealmente uma prática formalizada. Uma pessoa atacava, só uma vez. Então o seu oponente contra-atacava, novamente só uma vez.

Eles continuavam em alternação estritamente controlada. Mas o sangue jovem dos estudantes corria muito quente em suas veias para ser satisfeito com tal docilidade. Eles não podiam resistir à tentação de usar as técnicas completas que tinham aprendido e o poder que tinham adquirido através do treinamento diário. Havia cinco ou seis competidores de cada universidade nesses campeonatos de estilo-livre.

Dando um grito valente a um sinal, os oponentes emparelhados começavam a lutar. Se uma luta corpo-a-corpo se desenvolvesse, era responsabilidade dos juízes separar os lutadores. A verdade é que, os juízes raramente tinham tempo para exercer sua responsabilidade. Tudo acabava em 30 segundos.

Alguns dos participantes tinham quebrado os dentes ou torcido o nariz. Outros tinham lóbulos da orelha quase arrancados ou estavam paralisados por um pontapé na barriga. Os vencidos feridos aqui e lá ao redor do dojo--era uma cena sangrenta.

O karatê em seus primeiros dias não tinha nenhuma regra de luta, embora houvesse o acordo de cavalheiro de evitar atacar os órgãos vitais. Apesar dos feridos, o costume de realizar tais “campeonatos” permaneceu popular durante algum tempo.

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