sábado, 16 de fevereiro de 2008

Seiza: a arte do bem estar

Seiza

As vantagens do seiza foram sentidas pelos guerreiros, e sua prática passou a ser obrigatoriamente empregada no treinamento das artes militares da cultura japonesa, qualificados com a palavra “Caminho” - das Artes Militares (Artes Marciais, termo mais usual na atualidade), Caminho das Flores, Caminho da Arte, etc. Podemos dizer que todos são aperfeiçoados e sublimados por causa do seiza.

Numa escola de Formosa, até então considerados fracos, a relações entre a disposição mental e a prática do seiza foram demonstrados. Professores do Judô e Esgrima, adiaram o ensino de suas respectivas artes aos alunos recém matriculados, fazendo-os se exercitar na prática do seiza. Os alunos naturais de Formosa, não tinham nenhuma experiência de seiza. Havia os que sofriam bastante com apenas cinco minutos de prática, empalidecendo e caindo, ou então expelindo gazes. Fazendo-os prosseguir, com perseverança, passaram a agüentar dez, quinze, trinta minutos.

Foram preciso cerca de dois anos para eles passarem agüentar uma hora. Depois de adestrados assim no seiza, passou-se ao aprendizado das técnicas. No fim do terceiro ano, muitos, além de alcançarem melhores resultados nos estudos, tinham obtido grau judô e esgrima. Quando esses alunos chegaram ao quinto ano, foram infelizmente derrotados na competição de esgrima, mas venceram todas as competições de Formosa no judô e participaram do Campeonato de Educação Física do Santuário Meiji, como representantes de Formosa.

Os naturais de Formosa, considerados pouco fortes, foram assim recebidos no mundo das Artes Marciais. Esse exemplo mostra quão útil é o seiza para o aprimoramento do corpo e da mente. E podemos compreender a disposição do espírito com que os samurais praticavam o seiza.
A origem do Seiza

O termo Zen vem do sânscrito Dhyana, que na China modificou-se para Zen-na, posteriormente abreviado para Zen. Zen-na foi traduzido para “pensamento tranqüilo”. Os antigos comparavam a mente à água colocada dentro de uma vasilha e diziam que quando a vasilha se move a água se agita, mas que quando se mantém imóvel, o líquido permanece tranqüilo. Surgiu à idéia da pratica do seiza para a obtenção da tranqüilidade mental. Quando se está em pé, o centro de gravidade de nosso corpo se acha em posição elevada e, portanto não se tem estabilidade suficiente, o que acarreta em estado de inquietude mental. Quando se está deitado, a estabilidade do corpo é excessiva, o que provoca quietude mental também exagerada, provocando a sonolência.

Quando se dorme, obviamente não se está no estado de quietude mental desejado. Quando tomamos a posição sentada, obtemos o grau ideal de estabilidade física e mental, sendo alcançado o estado de quietude mental mais conveniente. Assim optou-se pela posição sentada. Além disso, pensou-se nas melhores condições para obtenção da quietude mental: com os olhos fechados o praticante tem a sensação de estar balançando e se torna mais propenso ao sono. Os olhos devem ficar entreabertos. Não é aconselhável o corpo ficar apertado, aconselha-se vestes folgadas. A coluna vertical fica rigorosamente vertical e deve aumentar a quantidade de ar inspirada no processo da respiração. O ideal é a respiração abdominal. Assim, pouco a pouco os antigos foram estabelecendo a posição e as regras próprias para o Seiza.

Influência do Seiza sobre o físico

Que esclarece a ciência moderna sobre o seiza? A respiração começa por ocasião do nascimento, quando o ar penetra no interior do corpo do bebê, produzindo o seu primeiro vagido. A vida depende da respiração. O fim da respiração é um dos sinais da morte, fim da vida. Existe profunda relação entre respiração e saúde. Para ter uma vida longa, é necessário ter uma respiração profunda. Praticando-se a respiração profunda, corpo e mente entram em quietude e são criadas melhores condições para a vida.

Um adulto saudável respira normalmente doze vezes por minuto. A emoção aumente esse número. A cólera a emoção mais fácil de se observar, pode leva-lo ará a quarenta vezes por minuto. O corpo fica extremamente exausto, o que prejudica a saúde. Quando se pratica o seiza, provocando uma tensão dos músculos do baixo ventre e regulando a respiração, dentro de dois ou três minutos a freqüência baixa para quatro e mesmo duas vezes por minuto. Nota-se um aumento da capacidade pulmonar que de 500cc (normal) passa a 1.000 ou 2.000.

Também melhoram as condições da circulação sangüínea. Uma pessoa normal, respirando normalmente, conserva um terço de seu volume sanguíneo mais ou menos estagnado no baixo ventre. A respiração abdominal conseguida através do controle, acarreta uma circulação perfeita. Depois de Habituada com o treinamento, a pessoa consegue condições ideais de circulação sangüínea após os primeiros quinze minutos de controle. Os batimentos do coração, o pulso e a pressão também atingem condições ideais. Baixa a pressão daquele que a tem alta demais e vice-versa.

O gasto de energia pelo organismo. Um homem adulto, em repousa, necessita por dia um mínimo de 1.400 calorias. A prática do seiza e do controle da respiração faz baixar a quantidade para 1.000 calorias. A saúde é mantida com o mínimo de alimentação. A alimentação frugal dos antigos samurais e dos praticantes da Cerimônia do Chá está relacionada com essa prática.

A influência do Seiza sobre a mente

A ciência situa a mente na cabeça, no cérebro. Vimos com o seiza faz baixar o consumo de calorias. Essa economia é feita com as calorias gastas no cérebro, mas a prática do seiza diminui esse número mais da metade e em certas pessoas o faz baixar quase até zero. Isso mostra que o seiza não provoca esforço cerebral. No cérebro humano existem cerca de vinte bilhões de neurônios, cada um deles agindo como um tubo de vácuo num rádio. Cerca de 90% deles estão ocupados com funções inconscientes, e só os 10% restantes com as conscientes.

Atuamos voluntariamente e conscientemente apenas sobre 5% de nossos neurônios, exercitando o pensamento, a memória, etc., sendo, portanto fácil à recuperação da fadiga sobre esta parte. Entretanto, quando agimos de má vontade, obrigados por outrem, aumenta a atividade inconsciente, uma vez que não o fazemos por vontade própria, colocando em atividade os 90% de nosso cérebro e provocando uma fadiga da qual não é fácil a recuperação. Além disso, o trabalho dos neurônios relacionados com o inconsciente é dez vezes mais rápido que dos ligados ao consciente.
Os antigos diziam: - “torna-te o senhor em todas as circunstâncias” – recomendação para resolver todos os problemas da vida e obter a realização integral como ser humano. Quando agimos voluntariamente e independentemente em ralação a quaisquer circunstâncias, não atuamos sobre as células vinculadas ao inconsciente, o esforço é muitíssimo menor.

O esforço voluntário produz o máximo em resultados com o mínimo de gastos. Esse espírito de dependência nasce espontaneamente com a prática do seiza. O treinamento nas artes tradicionais japonesas, como o Ikebana, o teatro Nô (as Artes Marciais como o Karate), etc., demora longos anos e demanda que, através da prática do seiza, seja desenvolvido o espírito de independência, a fim de se conseguir o máximo em trabalho mental com o mínimo esforço. O caminho deve ser palmilhado com o espírito de independência.

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