Fonte: Diário do grande ABC
Quem não lembra do filme Karate Kid, sucesso na década de 1980, em que o jovem Daniel Larusso é doutrinado pelo mestre Miyagi na arte do Karatê, com tarefas como lavar e encerar carros e pintar casas? De repente, a repetição exaustiva dos afazeres se transforma em ataques letais e bloqueios eficientes.
O longa-metragem clássico fez história no mundo das artes marciais e tem ligação subjetiva com a história do lutador Cilas Matos, de Mauá, que se prepara para a disputa do Campeonato Mundial de Karatê para o estilo Goju-ryu na Cidade do Cabo (África do Sul), em outubro. O atleta, de 27 anos, categoria até 75 kg, concilia treinos intensos nos tatames com a profissão de pintor decorativo.
"São duas atividades que requerem paciência e disciplina. Uma valoriza a outra, e serve como terapia genérica", brincou o carateca, que atualmente luta pela cidade de Ferraz de Vasconcelos e recentemente faturou o primeiro lugar no kumite (luta) nos Jogos Regionais, além do Brasileiro e a Seletiva para o Mundial.
Matos treina pelo menos três vezes por semana com mais 19 lutadores que representarão o Brasil no continente africano. A competição segue as normas tradicionais da WKF (World Karate Federation), que não visam nocaute, mas sim a marcação de pontos com golpes precisos e controlados. O lutador tem como técnicas favoritas o guiaku tzuki (soco direto) e o jodan ura mawashi (chute no rosto com a sola do pé). "O Japão e o Irã têm grandes adversários na minha categoria. As lutas são muito táticas. É preciso sempre ter algum elemento surpresa no repertório de golpes para se dar bem", afirmou.
Com relação à baixa popularidade do Karatê no Brasil, quando comparado a outras artes marciais, Matos disse que o boom das disputas de MMA (ou vale tudo) cada vez mais angariam adeptos das artes marciais mais usuais. Mesmo assim, vê com bons olhos o sucesso recente de karatecas como o paraense Lyoto Machida, campeão do UFC (Ultimate Fighting Championship, maior e mais importante evento do gênero), como algo positivo e que pode novamente alavancar a modalidade. "É um atleta dedicado e que nunca esquece suas raízes. É que sua base vem do Karatê. Isso engrandece ainda mais suas conquistas", disse o lutador de Mauá.
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