segunda-feira, 6 de julho de 2009

Por que o Brasil perdeu a hegemonia continental do karate-do?

Este ano podemos apontar alguns aspectos que fizeram com que o Brasil não se apresentasse melhor que nos últimos campeonatos continentais. A primeira e mais premente foi o estreito intervalo no calendário nacional entre as grandes competições, haja vista que apenas 3 semanas separaram o Campeonato Brasileiro de categorias de base e o Sul-Americano. Com isso, não houve tempo de recuperação, treinamento e preparação, pois a periodização que deveria ser semestral acaba por se transformar em Meeting no meio do processo. Na competição Senior (adulto), não passamos de um mísero quinto lugar no Pan-Americano.

Sim, o campeonato internacional é diferente. Lá fora só são considerados golpes pontuáveis os que forem observados os seis critérios presentes nas regras da WKF (boa forma, atitude desportiva, aplicação vigorosa, zanchin, tempo apropriado, distância correta) em uma zona pontuável. A falta de treinamento conjunto da seleção brasileira com certeza foi um fator preponderante, que somou-se a ausência de técnicos como o "pé quente" Ulisses Sampaio, ausente por questões financeiras, mas que deixou os atletas das categorias 12 /13 anos “órfãos”. Talvez por isto, esta Classe não ganhou nenhuma medalha de ouro.

Rodrigo Terra, que supostamente assumiu esta classe, nem se apresentou como técnico durante as lutas de atletas desta categoria. Graças a um apelo de uma mãe que conhecia o técnico Luis Otávio Aranha Lacombe (Head Coach), este se fez presente mesmo em condições incendiárias. Isso causou revolta de pais que viajaram para a Colômbia com recursos próprios, e quase não tiveram direito a um técnico na hora crucial. E técnico conta muito nas regras WKF, ainda mais nas categorias de base.

Estamos precisando de cursos de kumite administrados por pessoal experiente e competente, preferencialmente lá da Europa, onde o esporte é mais desenvolvido. Este também é um fator que está afetando nossas categorias de base. Precisamos de intercâmbio. A Venezuela, que tem uma população do tamanho da cidade de São Paulo, tem uma grande vantagem sobre o Brasil. O seu karate não é dividido politicamente e cursos de atualização em kata e kumite são uma feliz rotina por lá.

Nossas Leis Zico e Pelé, que multifacetaram o karate brasileiro também tem grande peso, pois assim nossos campeonatos nacionais ficaram mais fracos e o desenvolvimento técnico mais lento que em outros países, até mesmo nos pequenos países Sul-Americanos. E o patrocínio? Além de escasso, passou a fugir do karate em virtude do descrédito que as 11 confederações nacionais trazem para a imprensa, haja vista que ao tempo em que a Seleção Brasileira Oficial, presente neste Sul-Americano, faz das tripas coração, quase todas as outras arrecadam, competentemente, verbas públicas dos Governos Municipais, Estaduais e Federal. Sem contar que suas competições são traduzidas em fartas distribuição de premiações. Para ver, basta uma rápida consulta aos resultados divulgados em seus sites.

A sorte é que ainda temos grandes mestres espalhados pelo Brasil, que ainda podem reverter este quadro, esquecendo as diferenças políticas e trabalhando em prol de apresentações dignas do gigante Brasil.

4 comentários:

Unknown disse...

parabens

excelente sintese

abracos da bahia

oss

henriquesm disse...

sera que com tudo o que pagamos de anuidade para as nossas federacoes e condeferacao, mais incricoes em campeonatos regionais, brasileiro , seletivas alem de exames de faixa preta não eh suficiente para pagar uma passagem ao tecnico da selecao, ou de alguma forma subsidiar a passagem de nossos atletas ? Sinceramente não consigo entender ...

Horácio Saito disse...

Falando de Brasil, acho que o buraco é sempre fundo... infelizmente. Tanto para Kata, quanto para Kumite, acredito que o Brasil vive uma realidade interna à parte da realidade internacional. Potencial temos de sobra, porém estamos na maioria das vezes, nestas competições, totalmente fora da dança. Por conta disso, eu acredito que muitas coisas aqui, alguns resultados de camp. brasileiro e afins(alguns)não servem de parâmetro para o nível internacional.
Parabéns pelo post.

Oss.

Thiago Rufato disse...

texto simplesmente perfeito! impecavel!
PARABÉNS pela iniciativa.

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