Por: ALAIN RUTA
A arte de luta também é manifestação cultural de um povo, da mesma maneira a dança, a culinária, a literatura, o teatro, etc..., todas elas sujeitas a mudanças. No inicio do século XX, o uso de um ponta pé na Europa era considerado um recurso de malandro, ou seja, um lutador sujo, pois nesta época em uma “luta leal” utilizava somente golpes com os punhos.
Praticar Karatê, com certeza é mais fácil que escrever sobre Karatê, pois há uma enorme diversificação de estilos, escolas e métodos, podemos compará-lo a nossa religião cristã, inúmeras interpretações de uma mesma doutrina, sendo que a meta e sempre a mesma: O Paraíso.
Cada ser humano é único em sua natureza e existência, por isso torna-se necessário existência de várias doutrinas e tendências, sem esta diversificação, seria com certeza, impossível a coexistência, e desta maneira cada indivíduo encontrando a que mais lhe convier poderá então almejar uma auto elevação.
Surpreso fico, quando escuto entre praticantes discussões sobre qualidades de um ou outro estilo de Karatê, afirmam alguns que o verdadeiro Karatê é o Tradicional outros o Olímpico, esta ou aquela Federação é melhor. Quando estes debates se realizam entre verdadeiros professores e ou praticantes, ainda é possível manter certo controle emocional, mas quando escutamos certas afirmações vindas de indivíduos sem menor conhecimento da arte, acabamos com saudade da época dos duelos, onde pelo menos este procedimento apontava uma verdade.
Os grandes mestres de nossa Arte não aceitavam as competições, hoje entendo este posicionamento, também devo reconhecer que sem estas o Karate-Do talvez não fosse tão divulgado e conhecido em todos os continentes e classes sociais. As competições são importantes e se existem regras devem ser respeitadas, porém muitos adeptos não entendem que as competições de kumite são apenas simbolismos, por isto que mesmo para o perdedor e o vencedor, o kumite representa nossa superação frente às dificuldades que encontramos em nosso dia a dia.
Com certeza a existência de tantos estilos deve-se que nos momentos das transmissões das técnicas de um indivíduo para outro estes recebiam uma influência em função do biotipo e o temperamento de cada qual, visto a grande existência de formas de lutas fico constrangido a cada vez que sei da “criação de uma nova forma de luta” tentar afirmar uma nova forma de executar um simples ponta pé, é com certeza procurar ser um Deus, pois é anatomicamente impossível, acredito que podemos sim aprimorar o condicionamento físico, mas nunca os princípios mecânicos - Cinemática.
Algumas academias teem como meta à competição esportiva, outras a defesa pessoal e outras ainda destacam o aspecto espiritual, todos estão no caminho certo os únicos errados são os que afirmam serem detentores da verdade, que agridem com julgamentos precoces. Sinto-me triste quando tal afirmação é emitida por praticantes que atingiram certa idade e graduação.
Eu pertenço a uma das mais antigas e tradicionais escolas, mas limito-me a falar da Arte Karatê-Do. Um método de defesa pessoal, um esporte de competição, uma meta espiritual, uma ginástica, moderno ou tradicional, pouco importa, quando sou indagado sobre qual estilo, escola, professor ou federação tenho como resposta que todos a sua maneira procuram transmitir conhecimentos adquiridos, ter afinidade com o professor e gostar do local, desta maneira poder sentir-se bem consigo, ter como essência vencer a si próprio, com isto poder-se harmonizar com os indivíduos e a natureza.
Sinta-se menos verdade. Obterão melhores resultados. Não somente nas competições, mas na formação de cidadãos determinados em seus anseios e estes por sua vez formarão humanidade mais fraterna, meus adversários passados hoje são meus amigos e acho isso maravilhoso...









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